O FIM DAS SÉRIES LONGAS COM APENAS UM TIRO.
O FIM DAS SÉRIES LONGAS COM APENAS UM TIRO.

por @Ednaldo_Alves007

CRÔNICAS DE UM QUADRINISTA

O FIM DAS SÉRIES LONGAS COM APENAS UM TIRO.

Ainda pensando nas coisas que mudaram, entramos na discussão one-shots versus séries. Isso daria até um livro, mas vamos tentar abordar de forma suscinta. As histórias curtas sempre tiveram seu espaço no mercado de quadrinhos (vou pensar o mercado de quadrinhos americano e japonês que são os que tenho mais familiaridade), mas o que manteve esse mercado por tanto tempo sem dúvidas foram as séries. Quando falo série incluo títulos como os da Marvel e da DC comics (Homem-Aranha e Batman, por exemplo) que tem propriedades intelectuais da década de 1930 sendo seriadas até os dias de hoje. Esse tipo de quadrinho se familiarizou, entre outras coisas, por ter uma periodicidade frequente. Toda semana vários títulos chegavam às bancas de revistas com mais histórias, mais personagens e tudo que pudesse de alguma forma atrair e manter leitores.

No Japão não é tão diferente. Apesar de não termos títulos de personagens publicados há tanto tempo como os personagens americanos, temos séries que há anos são publicadas com um número razoável de vendas por volume. E pensando em termos mercadológicos até dá pra entender o que se passa na cabeça das editoras para procurarem uma série que faça sucesso. Uma série, se bem sucedida, mantém o lucro, gera novos produtos, atravessa gerações e continua gerando lucro. Quanto mais se prolongar a série mais vendas a editora fará. Com Dragon Ball foi assim e vários outros títulos que por escolha dos editores foram sendo esticadas até ficar ridículo e nos dá finais como o de Naruto e Shingeki no Kyoujin. Achar uma série que faça sucesso e possa durar era o principal objetivo dos editores e isso foi senso comum até os dias de hoje.

Como falamos no nosso último artigo, o mundo mudou. E a internet foi o principal pivô disso. Os seriados de televisão duravam várias temporadas, cada uma em média com vinte e cinco episódios. A duração dos mesmos era bem maior do que os que são produzidos hoje. Sofriam com o roteiro quando os produtores pediam para esticar o máximo para aproveitar o sucesso da série e assim como nos mangás nos legavam finais pífios que muitas vezes manchava a ideia original que levou tanta gente a acompanhar. Hoje as séries tem menos temporadas, menos episódios, menor duração. As pessoas se acostumaram a ver as temporadas numa tacada só na famigerada expressão “maratonar” a série. O mundo ficou mais rápido. Podemos ver os vídeos em velocidade aumentada. A vida ficou mais corrida e de certa forma passamos a curtir e acompanhar vídeos mais curtos, textos mais curtos e quadrinhos mais curtos.

Tivemos recentemente um fenômeno de vendas com o mangá Demon Slayer que apesar do desejo divergente de seus editores, a autora quis encerrar a obra sem prolongar além do que havia planejado. Algo que anos antes era impensável na indústria e que agora começa a virar tendência. Observando o mercado, sobretudo o brasileiro, vejo que as séries tem sido preteridas em relação às one-shots e dá pra entender o porquê.

Com o tempo escasso as pessoas pensam duas vezes antes de se dedicar a uma série. Vide vários exemplos de pessoas que se assustam quando descobrem quantos episódios/capítulos One Piece tem e desistem de iniciar essa jornada. Sem contar com o problema de cancelamentos e/ou encerramentos forçados. Ninguém quer dedicar seu tempo e não chegar até onde nos prometeram. As editoras estão se afastando de séries no estilo Dragon Ball e One Piece e procurando séries curtas ou one-shots no tipo “longa metragem” com histórias fechadas e contidas. Devido o corre-corre dos dias atuais as one-shots e séries curtas se encaixam bem mais com o entretenimento moderno. E dificilmente séries longas terão êxito no Brasil, pelo menos no momento.

Para uma série ser bem sucedida pelo menos tem que ter uma frequência no mínimo semanal. A disputa pela atenção do leitor é grande e acirrada. Conseguir manter um público acompanhando sua série com capítulos espaçados e irregulares é uma tarefa penosa e de difícil visão dos ganhos e perdas. Acredito que esse seja o maior ponto fraco das séries longas.

Já one-shots podem levar bem menos tempo para produzir e fácil de perceber se acertou ou errou. Sei que a maioria dos leitores dessa minha coluna tem suas ideias de maxséries divididas em arcos e sagas. Com uma jornada incrível de crescimento e aperfeiçoamento de personagens. Mas a realidade de hoje é dura e dificilmente poderemos vê vingar uma série longa no Brasil.

E vocês? O que acham? Faz sentido tudo isso que falei ou viajei? Deixe seu comentário, participe compartilhando sua opinião!

Obrigado por ler!

^_^x


Publicado em 26/08/2023