A história do seu personagem histórico.
A história do seu personagem histórico.

por @Moreatti

Estou Lendo alguns quadrinhos que estão há muito na minha lista de pendências e, passei por “LAMPIÃO”, do @heitoramatsu, além de “OXENTE”, do @estudioermon e @rhenato_guimarães. Os dois trazem a figura de um personagem real da cultura brasileira - Lampião - embora com abordagens diferentes. Eu também já tinha visto alguns vídeos que falavam destas obras. Sempre ressaltando os pontos negativos que envolvem a figura. Como se fosse errado ou perigoso, colocá-lo como herói.

Paralelo à isto, já vi alguns videos que falam sobre o MFight do @OffKotaTheCreator e @TAJ_MANGAKA. E dos riscos de usar traficantes e bandidos como protagonistas e “Romantizar os Marginalizados”.

A questão aqui é, se você está pensando em usar uma personalidade real como fundamento da sua história, não se prenda a uma forma “certa” ou “errada” de retratá-la. Existe uma figura histórica no Japão estudada nos livros: Oda Nobunaga (uma das minhas figuras favoritas da história do Japão) - que é um dos principais responsáveis pela unificação das províncias que formam o País. Oda Nobunaga foi um homem violento e ambicioso, além de um grande estrategista. Em diversas mídias, ele já foi retratado como um demônio supremo, o assistente do último boss, um cachorro, um coadjuvante e até uma waifu.

Existem sim, cuidados que você deve tomar no uso de tais personalidades. Você não vai querer colocar Deus como antagonista num país cristão (ouviu SUPERNATURAL), ou Hitler como um dos mocinhos (passou perto, Jojo Rabbit). Mas lembre-se: como escritor, você deve seguir o que for melhor para a história. Mas é sempre um terreno arenoso.

Outro cuidado são os CONTORNOS DO PERSONAGEM. Eventos históricos e traços de personalidade e comportamento que são mais associados à pessoa em questão. Nos últimos anos, uma personalidade que têm sido melhor retratada foi o inventor e engenheiro Nicola Tesla. Nas mídias que pude acompanhar, ele é sempre retratado com um intelecto superior e como um recluso. Estes são pontos que definem bem esta figura. É muito improvável que ele fosse tão falante e extrovertido como mostrado em “RECORD OF RAGNAROK”, mas ainda assim, seu principal contorno - a genialidade - é bem explorado.

Neste mesmo exemplo, se fosse criada uma mídia que retrata um Tesla contemplativo, e lutando contra seus transtornos mentais, esta seria uma abordagem adequada, já que este é um aspecto da história de sua vida.

É bom que seja feito um trabalho de pesquisa mais amplo com personagens históricos. Existem muitas pessoas que gostam de ler e ver este tipo de interação e isto atrai pessoas que são interessantes pra sua história - pessoas que gostam de ler, mas o que poderia funcionar como um atrativo acaba espantando leitores, caso sua pesquisa seja pobre ou incorreta. Alterações muito radicais do personagem, além de anacronismos (erros históricos) tiram os leitores da história e espantam que têm um mínimo de conhecimento sobre o tema.

Por outro lado, uma pesquisa detalhada do ambiente, costumes e outros detalhes ganham pontos com leitores que conhecem o contexto histórico daquele personagem e deixam a história em si, mais rica e melhor elaborada.

Todas as pessoas têm pontos fortes, fracos, erros e acertos. São estes contornos que as fazem ser vistas como protagonistas ou antagonistas, ou quais arquétipos de personagem (falarei disto mais adiante) são adequados àquela pessoa. É a forma como são retratadas pela própria história que fazem ser mostradas na ficção como protagonistas, aliados ou antagonistas, mas a história só mostra o personagem, não a pessoa. Aqui está a chave na sua abordagem: os contornos do personagem e como isto pode ajudar a conduzir a história. Vale também ressaltar que a variedade de visões e abordagens de uma determinada pessoa ajudam a ver a complexidade deste indivíduo, e compreendê-lo como é: UMA PESSOA. Passível de falhas, vitórias, defeitos, manias, qualidades, habilidades, etc... como qualquer um. O que nos deixa mais próximos deles e, de nós mesmos.

Aguardando quando começarmos a retratar fIguras históricas brasileiras de maneira bem alternativa. Como pipas ou carros com poderes... imagino o Raul Seixas como um chevetão77.

Publicado em 27/08/2024