PRECISO ENTENDER QUE AS COISAS MUDARAM
PRECISO ENTENDER QUE AS COISAS MUDARAM

por @Ednaldo_Alves007

CRÔNICAS DE UM QUADRINISTA

PRECISO ENTENDER QUE AS COISAS MUDARAM

Não tenho uma lembrança exata de quando comecei a ler/consumir histórias em quadrinhos, mas tenho a certeza de que foi bem cedo. Lembro de aos sábados, quando ia para feira com minha mãe, de sempre voltar com uma revistinha da Turma da Mônica ou dos Trapalhões. Aos poucos foi chegando as minhas mãos as edições da DC e da Marvel publicadas pela Editora Abril. As edições mais novas chegavam nas, hoje praticamente extintas, Bancas de Revistas, já as edições antigas eu comprava em sebos ou em bancas de feira. Durante muito tempo era assim que você poderia ter acesso às histórias em quadrinhos, talvez nos grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo já tivessem lojas especializadas ou mesmo em livrarias, mas na grande parte do Brasil era assim que, principalmente crianças e adolescentes tinham acesso aos gibis. Até chegar os anos 2000 com o aumento da globalização acelerada exponencialmente pela internet.

O mundo como conhecia não poderia continuar do mesmo jeito ante a chegada da internet que mudou principalmente a produção e a relação de consumo das pessoas. E isso não excluem as histórias em quadrinhos que tiveram de se adaptar a isso, e de certa forma ainda estão.

Um dos grandes problemas com a internet foi a pirataria. Na música quebrou a cadeia de produção dominada pelas gravadoras que depois de vários entraves vê uma certa estabilidade na criação de plataformas como Spotfy. Filmes e séries que hoje tentam se sustentar pelo serviço de stream. Nos livros e apostilas que encontraram opção em formato digital e até tecnologia inventada para isso como o Kindle. Algo não muito distante teria que acontecer com as histórias em quadrinhos.

Estamos literalmente conectados o tempo todo à internet. Dificilmente você se afasta muito do seu celular. Então, muitas tarefas e lazer que fazemos acabam se utilizando dessa ferramenta que passou a se tornar quase que indispensável para o homo sapiens moderno. Acredito que hoje, seu repertório de quadrinhos que você leu/conheceu é composto majoritariamente por obras lidas/conhecidas através do computador ou do celular. E isso me assusta! Não que seja ruim, apenas confronta com como passei boa parte da minha vida consumindo quadrinhos. Até cair a ficha demorou entender que as pessoas não vão mais em bancas de revista comprar seu gibi do mês! Assim como na música, cinema, TV e etc. Eu precisava lidar com essas mudanças.

Os agentes produtores de quadrinhos tem tentado se adaptar a essas mudanças. Existem publicações que surgiram originalmente para o mercado digital (Spy x Family, por exemplo). Há plataformas que monetizam por acessos e/ou compras de gibis digitais. Isso mudou demais tanto a produção quanto o mercado de quadrinhos em si. Antes, obrigatoriamente você precisaria ter uma editora te publicando e o processo era longo (desde as primeiras pinceladas no papel até chegar às mãos do leitor/consumidor), hoje esse caminho é encurtado pela internet. Seu gibi não precisa atravessar quilômetros de distância, basta apensa um clique e um leitor do Estado do Pará pode ler Sideral feito no Rio de Janeiro. A própria FLIPTRU vem suprir essa demanda nessa relação de consumo. Permitindo que autores mostrem sua arte e mais ainda, que possam monetizar seu trabalho.

Confesso que ainda sou old school, que prefiro folhear a revista, sentir o cheiro e guardá-la numa estante. Mas não posso negar todos os benefícios que essa forma de produção e consumo, que se apresenta hoje de forma irreversível, nos proporciona. Já há pelo menos duas gerações inteiras que não sabem o que é ir a uma banca de revistas. Que conhecem e acompanham suas obras favoritas exclusivamente pela internet. Aceitar isso foi a primeira coisa que tive que fazer para voltar a pensar em fazer quadrinhos.

^_^x

E você? Como foi/é sua relação com as histórias em quadrinhos? Você é da época onde as bancas de revistas reinavam ou pegou mais a era da internet? Deixe seu comentário! E obrigado por ler!!!


Publicado em 11/08/2023